domingo, 22 de setembro de 2024

O que é o Manto Sagrado de São José

 


Conheça a novena do Manto Sagrado de São José e a história da relíquia mantida em uma igreja de RomaUma das devoções a São José é chamada de “Novena do Manto Sagrado de São José”. Trata-se de uma série de orações feitas por 30 dias consecutivos, em memória aos 30 anos que alguns acreditam que São José viveu como pai adotivo de Jesus.

A novena se baseia, em parte, na crença de que existe um manto real de São José guardado em uma igreja em Roma. O livro do século 19, The Life and Glories of St. Joseph (“A Vida e as Glórias de São José”), apresenta uma breve história desse manto:

“De São José, nenhuma relíquia real existia, apenas algumas partes de suas vestes santificadas pelo contato com seu corpo santo e agora, como acreditamos, glorificado. Roma possui uma relíquia esplêndida do pálio ou manto do santo… Essa preciosa relíquia foi guardada na antiga igreja colegiada de Santa Anastácia, construída por volta do ano 300 por Apolônia, uma nobre matrona romana para ali depositar o corpo de Santa Anastácia, Virgem e Mártir. Acredita-se que São Jerônimo, quando chamado a Roma por São Dâmaso para os assuntos de seu pontificado, celebrou a Missa durante os três anos de sua residência no altar onde a relíquia está preservada. O cálice de que ele fez uso ainda é exibido.”

Mas será que, de fato, o manto é uma relíquia autêntica que de alguma forma foi trazida da Terra Santa?

Infelizmente, existem poucas evidências para apoiar a afirmação. No entanto, existiu, sim um manto que São José usou para proteger o Menino Jesus do tempo frio. Com isso em mente, podemos despertar nossa imaginação e promover um maior apreço e veneração por São José, invocando sua proteção em nossas próprias vidas.

Oração a São José

“Ó santo protetor da Sagrada Família, protege-nos, filhos do Senhor Jesus Cristo; mantém longe de nós os erros e males que corrompem o mundo; ajuda-nos do Céu em nossas lutas contra os poderes das trevas. E, assim como protegeste o Menino Jesus do decreto cruel de Herodes, defende a Igreja e mantém-na protegida de todos os perigos e ameaças; espalha sobre todos nós a tua santa ajuda para que, seguindo teu exemplo e auxiliados por tua orientação espiritual, possamos levar uma vida santa, ter uma morte feliz e finalmente chegar à posse da bem-aventurança eterna no céu. Amém.”

Orações ao Manto Sagrado de São José

Aconselha-se rezar estas orações por trinta dias consecutivos, em memória dos trinta anos de vida vividos por São José em companhia de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Além disso, é bom acompanhar estas orações com a promessa de uma oferta para o culto do Santo. É bom também ter uma pia lembrança pelas Almas do Purgatório e receber os Santos Sacramentos em espírito de penitência durante o período da novena.

INÍCIO

Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Jesus, Maria e José, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.

Rezar 3 “Glória ao Pai” à Santíssima Trindade

OFERECIMENTO

Eis-me, ó grande Patriarca, prostrado devotamente diante de Vós. Apresento-Vos este Manto precioso e ao mesmo tempo Vos ofereço o propósito da minha devoção fiel e sincera. Tudo o que poderei fazer em Vossa honra durante a minha vida tenciono fazê-lo para Vos mostrar o amor que Vos tenho. Ajudai-me, São José. Assisti-me, agora e durante toda a minha vida, mas especialmente assisti-me na hora da minha morte, como Vós fostes assistido por Jesus e por Maria, para que Vos possa um dia honrar na Pátria celeste por toda a eternidade. Amém!

Ó glorioso Patriarca São José, prostrado diante de Vós, apresento-Vos com devoção as minhas homenagens e começo por Vos oferecer esta preciosa coleta de orações em memória das inumeráveis virtudes que ornaram vossa santa Pessoa. Em Vós teve cumprimento o sonho misterioso do antigo José, cuja figura antecipou a Vossa: não só, de fato, o Sol divino cingiu-Vos com seus luminosíssimos raios, mas também a mística Lua, Maria, Vos aclarou com a sua doce luz. Ó glorioso Patriarca, se o exemplo de Jacó, que se regozijou pessoalmente com seu filho predileto, exaltado sobre o trono do Egito, serviu para arrastar também os outros filhos à salvação, não me valerá o exemplo de Jesus e de Maria, que Vos honraram com toda a sua estima e com toda a sua confiança, para trazer a mim também, para tecer em Vossa honra este Manto precioso? Eia pois, ó grande Santo, fazei que o Senhor volva sobre mim um olhar benévolo. E, como o antigo José não expulsou os irmãos culpados, mas, pelo contrário, os acolheu cheio de amor, os protegeu e os salvou da fome e da morte, assim Vós, ó glorioso Patriarca, mediante a Vossa intercessão, fazei com que o Senhor nunca queira me abandonar neste vale de degredo. Alcançai-me, além disso, a graça de me conservar sempre entre os Vossos servos devotos, que vivem serenos sob o Manto do Vosso patrocínio. Este patrocínio eu desejo tê-lo em cada dia da minha vida e no momento do meu último suspiro. Amém!

ORAÇÃO

Salve, ó glorioso São José, depositário dos tesouros incomparáveis do Céu e pai adotivo d’Aquele que alimenta todas as criaturas. Depois de Maria Santíssima, sois Vós o Santo mais digno de nosso amor e merecedor de nossa veneração. Entre todos os santos, só Vós tivestes a honra de criar, guiar, alimentar e abraçar o Messias que tantos Profetas e Reis desejaram ver. São José, salvai a minha alma e alcançai-me da Misericórdia Divina a graça que humildemente imploro (pedir a graça). E também alcançai para as Benditas Almas do Purgatório um grande alívio para os seus sofrimentos.

Rezar 3 “Glória ao Pai”

Rezar 1 vez: “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e José, sede a nossa salvação”.

Rezar 10 vezes “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”

Ó poderoso São José, foste declarado Patrono Universal da Igreja, e eu Vos invoco, entre todos os Santos, como fortíssimo protetor dos miseráveis, e bendigo mil vezes o Vosso coração, sempre pronto a socorrer toda espécie de necessidade. A Vós, ó querido São José, recorrem a viúva, o órfão, o abandonado, o aflito, toda espécie de desventurados; não há dor, angústia ou desgraça que Vós não tenhais piedosamente socorrido. Dignai-Vos, portanto, usar em meu favor os meios que Deus pôs em Vossas mãos, para que eu possa conseguir a graça que Vos peço. E Vós, Santas Almas do Purgatório, suplicai a São José por mim.

Rezar 3 “Glória ao Pai”

Rezar 1 vez: “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e José, sede a nossa salvação”

Rezar 10 vezes: “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”

A tantos milhares de pessoas que Vos suplicaram antes de mim, Vós destes conforto e paz, graças e favores. A minha alma, triste e amargurada, não encontra repouso no meio das angústias que a oprimem. Vós, ó querido Santo, conheceis todas as minhas necessidades, ainda antes que eu as exponha na oração. Vós sabeis quanto preciso da graça que Vos peço. Eu me prostro na Vossa presença e suspiro, ó São José, sob o grande peso que me oprime. Nenhum coração humano está tão próximo de mim que eu possa confiar meus sofrimentos; e mesmo que eu encontrasse compaixão junto a alguma alma caridosa, ela, todavia não me poderia valer. A Vós, portanto, recorro e espero que não queirais me rejeitar, porque Santa Teresa disse, e deixou escrito em suas memórias: “Qualquer graça que pedirdes a São José, será certamente concedida.” Ó São José, consolador dos aflitos, tende piedade da minha dor e tende piedade das Santas Almas do Purgatório, que tanto esperam de nossas orações.

Rezar 3 “Glória ao Pai”

Rezar 1 vez: “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e José, sede a nossa salvação”

Rezar 10 vezes: “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!

Ó excelso Santo,

Pela Vossa perfeitíssima obediência a Deus, tende piedade de mim.

Pela Vossa santa vida, cheia de merecimentos, atendei-me.

Pelo Vosso queridíssimo Nome, ajudai-me.

Pelo Vosso clementíssimo Coração, socorrei-me.

Pelas Vossas santas lágrimas, confortai-me.

Pelas Vossas sete dores, tende compaixão de mim.

Pelas Vossas sete alegrias, consolai o meu coração.

De todo o mal da alma e do corpo, libertai-me.

De todo perigo e desgraça, livrai-me.

Socorrei-me com a Vossa santa proteção e impetrai-me, na Vossa misericórdia e poder, o que me é necessário e, sobretudo, a graça do que mais preciso. Às Almas queridas do Purgatório, alcançai a pronta libertação dos seus sofrimentos.

Rezar 3 “Glória ao Pai”

Rezar 1 vez: “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e José, sede a nossa salvação”

Rezar 10 vezes “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!

Ó glorioso São José, são inúmeros as graças e os favores que Vós alcançais para os pobres aflitos. Doentes de todo gênero, oprimidos, caluniados, traídos, privados de qualquer humano conforto, míseros necessitados de pão ou de apoio, imploram o Vosso real patrocínio e seus pedidos são atendidos. Eia! Não permitais, ó São José caríssimo, que seja eu, entre tantas pessoas beneficiadas, a única a ficar sem a graça que Vos peço. Mostrai-Vos, também para comigo, poderoso e generoso, e eu, agradecendo-Vos, exclamarei: “Viva para toda a eternidade o glorioso Patriarca São José, meu grande protetor e especial libertador das Almas santas do Purgatório”.

Rezar 3 “Glória ao Pai”

Rezar 1 vez: “Doce coração de Jesus, sede o nosso amor, doce coração de Maria e José, sede a nossa salvação”

Rezar 10 vezes: “Jesus, Maria e José, nós Vos amamos, salvai almas”!

Ó Eterno e Divino Pai, pelos méritos de Jesus e de Maria, dignai-Vos conceder-me a graça que imploro. Em nome de Jesus e de Maria, eu me prostro na Vossa Divina Presença e peço-Vos devotamente que queirais aceitar a minha firme decisão de perseverar nas fileiras dos que vivem sob o patrocínio de São José. Abençoai, portanto, o precioso Manto que hoje dedico a Ele, qual penhor da minha devoção.

Rezar 3 “Glória ao Pai”

Rezar “Eterno Pai, ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Santas Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as santas almas do Purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores da Igreja Católica, pelos pecadores de todas as outras igrejas, pelos de minha casa e de meus vizinhos.

Amém.

Piedosas súplicas em memória da vida de São José com Maria

São José, rogai a Jesus que venha em minha alma e a santifique.

São José, rogai a Jesus que venha no meu coração e o inflame de caridade.

São José, rogai a Jesus que venha em minha inteligência e a ilumine.

São José, rogai a Jesus que venha na minha vontade e a fortifique.

São José, rogai a Jesus que venha nos meus pensamentos e os purifique.

São José, rogai a Jesus que venha nos meus afetos e os regre.

São José, rogai a Jesus que venha nos meus desejos e os dirija.

São José, rogai a Jesus que venha nas minhas obras e as abençoe.

São José, alcançai-me de Jesus o Seu santo amor.

São José, alcançai-me de Jesus a imitação das Suas virtudes.

São José, alcançai-me de Jesus a verdadeira humildade de espírito.

São José, alcançai-me de Jesus a mansidão do coração.

São José, alcançai-me de Jesus a paz da alma.

São José, alcançai-me de Jesus o santo temor de Deus.

São José, alcançai-me de Jesus o desejo da perfeição.

São José, alcançai-me de Jesus a doçura de caráter.

São José, alcançai-me de Jesus um coração puro e caridoso.

São José, alcançai-me de Jesus a graça de suportar com paciência os sofrimentos da vida.

São José, alcançai-me de Jesus a sabedoria das verdades eternas.

São José, alcançai-me de Jesus a perseverança em fazer o bem.

São José, alcançai-me de Jesus a fortaleza para suportar as cruzes.

São José, alcançai-me de Jesus o desprendimento dos bens terrenos.

São José, alcançai-me de Jesus caminhar pelo caminho estreito do Céu.

São José, alcançai-me de Jesus ser livrado de toda a ocasião de pecar.

São José, alcançai-me de Jesus um santo desejo do Paraíso.

São José, alcançai-me de Jesus a perseverança final.

São José não me afasteis de Vós.

São José, fazei que o meu coração nunca cesse de Vos amar, e a minha língua de Vos louvar.

São José, pelo amor que tiveste a Jesus, ajudai-me a amá-lo.

São José, dignai-Vos acolher-me como Vosso devoto.

São José, eu me entrego a Vós: aceitai-me e socorrei-me.

São José, não me abandoneis na hora da morte.

Jesus, Maria e José, eu Vos dou o meu coração e a minha alma.

Rezar 3 “Gloria Patri”

Ladainha de São José 

Senhor, tende piedade de nós.

Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai do Céu, tende piedade de nós.

Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós.

Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, rogai por nós.

São José, rogai por nós.

Nobre descendência de Davi, rogai por nós.

Luz dos Patriarcas, rogai por nós.

Esposo da Mãe de Deus, rogai por nós.

Guarda puríssimo da Virgem, rogai por nós.

Vós que criastes o Filho de Deus, rogai por nós.

Zeloso defensor de Cristo, rogai por nós.

Chefe da Sagrada Família, rogai por nós.

Ó José, justíssimo, rogai por nós.

Ó José, castíssimo, rogai por nós.

Ó José, prudentíssimo, rogai por nós.

Ó José, fortíssimo, rogai por nós.

Ó José, obedientíssimo, rogai por nós.

Ó José, fidelíssimo, rogai por nós.

Espelho de paciência, rogai por nós.

Amante da pobreza, rogai por nós.

Modelo dos operários, rogai por nós.

Honra da vida doméstica, rogai por nós.

Guarda das virgens, rogai por nós.

Amparo das famílias, rogai por nós.

Conforto dos que sofrem, rogai por nós.

Esperança dos enfermos, rogai por nós.

Padroeiro dos moribundos, rogai por nós.

Terror dos demônios, rogai por nós.

Protetor da Santa Igreja, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

V. O Senhor O constituiu dono da sua casa.

R. E príncipe de todos os seus bens.

Oremos

Ó Deus, que por inefável providência Vos dignastes escolher o bem-aventurado São José para esposo de Vossa Mãe Santíssima, concedei-nos, Vos pedimos, que, venerando-o aqui na terra como protetor, mereçamos tê-lo no Céu como intercessor. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém!

Invocações a São José 

Lembrai-Vos, ó virginal esposo da Maria Virgem, ó meu querido protetor São José, que nunca se ouviu dizer que alguém que, tendo invocado o Vosso patrocínio e pedido a Vossa ajuda, não tivesse sido por Vós consolado. Com esta confiança, venho até Vós e a Vós encarecidamente me recomendo. Ó São José, escutai a minha prece, acolhei-a piedosamente e atendei-a. Amém!

Glorioso São José, esposo de Maria e pai davídico de Jesus, tomai conta de mim, velai por mim. Ensinai-me a trabalhar pela minha santificação e tomai sob o Vosso piedoso cuidado, as necessidades urgentes que hoje confio à Vossa solicitude paternal. Afastai os obstáculos e as dificuldades e fazei que o feliz êxito do que Vos peço seja para a maior glória do Senhor e pelo bem de minha alma. Em sinal da minha mais viva gratidão, prometo-Vos tornar conhecidas as Vossas glórias, enquanto, de todo coração, bendigo o Senhor que Vos quis tão poderoso no Céu e na Terra. Amém!

Fecho do Manto 

Ó glorioso São José, que Deus pôs na chefia e guarda da mais santa dentre as famílias, dignai-Vos ser-me, do Céu, custódio da minha alma que pede para ser aceita sob o Manto do Vosso patrocínio. Desde agora, eu Vos elejo pai, protetor, guia e ponho sob Vossa especial custódia a minha alma, o meu corpo, tudo o que possuo e sou, a minha vida e a minha morte. Olhai-me como Vosso filho; defendei-me de todos os meus inimigos visíveis e invisíveis; assisti-me em todas as necessidades; consolai-me em todas as amarguras da vida, mas especialmente na agonia da morte. Dirigi uma palavra por mim Àquele amável Redentor que, quando Criança, levastes em Vossos braços, e àquela Virgem gloriosa, de quem fostes diletíssimo esposo. Impetrai-me as bênçãos que julgais proveitosas ao meu verdadeiro bem, à minha salvação eterna, e eu procurarei não me tornar indigno de Vosso especial patrocínio. Amém!


Celibato, Continência e Castidade, qual a diferença e por que?


Celibato, continência e castidade… Três conceitos que facilmente são baralhados na linguagem quotidiana, tomados muitas vezes como sinônimos, mas que são, efetivamente, diferentes. Sua compreensão adequada é imprescindível para o direito canônico, pois, para cada uma destas figuras, existem consequências e efeitos jurídico-canônicos diversos, seja em relação à vida matrimonial, religiosa ou clerical. É impossível compreender retamente, por exemplo, a questão da possibilidade de homens casados se tornarem presbíteros (padres), ou mesmo o tema da validade do matrimônio não consumado, se a diferença entre estes conceitos não for estabelecida.

Para fazer esta distinção, valemo-nos, com adaptações, da excelente explicação que o canonista estadunidense Edward Peters dá sobre o tema, a qual tem o mérito de ser concisa e clara (o original em inglês pode ser consultado aqui).

Celibato é um estado de vida decorrente de uma escolha deliberada de não se casar. Não se configura pelo simples fato de estar solteiro por circunstâncias quaisquer não livremente escolhidas. É, na verdade, o estado de vida de um solteiro qualificado pela decisão livre de não se casar. Um jovem que deseja encontrar uma namorada para casar-se, enquanto não a encontra, ou, encontrando-a, enquanto ainda a namora, não é propriamente um celibatário, pois não escolheu deliberadamente o estado de vida de não casar-se, tanto é que busca encontrar alguém para sua esposa. A pessoa que, querendo casar-se, não encontra alguém que queira casar-se com ela, não é propriamente celibatária, pois tal decisão não é deliberada livremente, mas uma imposição das circunstâncias da vida.

Quando não há uma escolha deliberada por não se casar, é preferível dizer que a pessoa está ou é solteira, mas não que é celibatária. Solteiras são, por exemplo, as crianças (que poderão ou não desejar casar-se quando adultas), as pessoas que esperam casar-se ou se preparam para o casamento, a pessoa que ficou viúva após a morte do cônjuge e que aceitaria casar-se novamente.

A decisão pelo celibato (portanto, escolha livre e deliberada por este estado de vida) não necessita sempre ser por motivos nobres ou altruístas. Celibatário é tanto o sacerdote e o religioso que optam por este estilo de vida de modo a melhor se consagrar ao serviço de Deus e da Igreja como a pessoa que não deseja casar-se para não ter responsabilidades com outras pessoas ou para que não seja importunado em seu estilo de vida, bem como as pessoas viúvas que preferem fechar-se a um novo casamento após a morte do cônjuge ou aqueles que não se casam para se dedicar aos cuidados de parentes idosos ou enfermos. O essencial para configuração do celibato é a escolha deliberada por um estilo de vida que exclui o casamento por parte de uma pessoa que, se quisesse, poderia livremente optar pelo casamento (seja lá qual for a finalidade que se almeja com esta exclusão matrimonial). 

Continência, por sua vez, é a escolha deliberada por não praticar atos sexuais. A moral cristã exige a continência de todos aqueles que não se encontram casados, pois somente dentro do casamento é moralmente legítimo a prática de atos sexuais. Celibatária ou solteira, toda e qualquer pessoa que não seja casada, seja por opção ou não, é chamada à continência sexual, seja o rapaz que está namorando, a moça solteira, o padre, a freira, o monge, os viúvos etc. Historicamente, a Igreja Latina (a Igreja Católica do Ocidente, que segue o rito romano) também exigia do clero casado tal continência, apesar de serem casados, mas esta peculiar situação será tratada em outro post.

Para distinguir bem o celibato da continência, podemos formular um exemplo: um padre celibatário opta por não se casar e o próprio direito canônico o impede de contrair matrimônio sem a devida dispensa a partir de sua ordenação diaconal. Embora seja celibatário, pode acontecer de este padre nem sempre ser continente, pois pode vir, ocasionalmente, a praticar atos sexuais fora de um matrimônio (hipótese em que, obviamente, peca). Mas veja-se que o pecado não está propriamente na violação do celibato, mas sim da continência – o fato de ele praticar ato sexual com determinada pessoa não quer dizer necessariamente que ele deseje casar-se com ela ou abandonar o estado de vida celibatário. Significa apenas que o clérigo em questão foi incontinente, ou seja, não seguiu a continência sexual que a moral cristã exige de toda e qualquer pessoa não casada (seja clérigo celibatário, religioso ou leigo). A obrigação de manter-se continente, abstendo-se de atos sexuais, abarca a todos os cristão não casados, não somente a clérigos celibatários e religiosos.

Quanto aos casados, podem, por razões várias (razões espirituais, planejamento familiar natural, necessidade de viagem por período longo etc.), abster-se durante certos períodos da prática sexual, por livre decisão do casal. Em alguns casos, podem decidir-se (de comum acordo) por não manter mais relações sexuais. O exemplo máximo desta continência entre casados é o matrimônio entre a Virgem Ssma. e São José. Veja que ambos eram verdadeiramente e validamente casados (não eram celibatários), porém foram perfeitamente continentes dentro do matrimônio. Isto nos prova que ser celibatário e ser continente são coisas distintas. Obviamente, todo celibatário deve ser também continente, em razão do fato de que não se pode casar (e o cristão que não se casa, seja ele quem for, não deve praticar atos sexuais fora do casamento). Já o solteiro também deve ser continente, mas, se vier a se casar, poderá cessar esta continência. Os casados podem ser continentes por opção (não se lhes é exigida tal continência), desde que de comum acordo.

Por fim, a castidade é uma virtude por meio da qual a pessoa faz uso de sua faculdade sexual de modo adequado a seu estado de vida. Um cristão não casado (solteiro ou celibatário, não importa) será casto ao exercer a continência, isto é, ao não praticar atos sexuais precisamente por não ser casado, pois o seu estado de vida (não casado) assim o exige. Já a castidade entre casados não pode ser confundida com abstinência sexual. Os casados são castos tanto mantendo a prática sexual retamente ordenada entre si, como optando por abstinências periódicas ou por continência por prazo indeterminado (desde que de comum acordo). São formas distintas de se viver a castidade entre casados, mas jamais se pode dizer que a prática sexual retamente ordenada entre casados seja pecaminosa ou contrária à castidade. Pelo contrário, os casados, quando mantêm relações sexuais normais entre si, são tão castos quanto ao se absterem de sexo, pois a prática sexual é uma das formas adequadas de uso da faculdade ou potência sexual dentro do casamento.

Edward Peters finda sua explicação com uma lapidar conclusão: a Igreja ensina que todos são chamados a observar a castidade própria de seu estado de vida; a continência é exigida de todos os não casados (solteiros ou celibatários); e algumas pessoas solteiras, por motivos louváveis, optarão por não se casar e seguir o estado de vida celibatário, sendo que, em regra, na Igreja Latina (Ocidental), a opção pelo celibato é uma condição para ingresso na vida religiosa ou sacerdotal.

Padre Vítor Pimentel Pereira