A revolução sexual introduziu na sociedade a ideia de que o sexo serve apenas para diversão, isto é, para o prazer desregrado e descompromissado. Mas a própria natureza da sexualidade é a prova inconcussa de que a relação sexual, por gerar uma nova vida, exige um vínculo definitivo.
Uma vez entendida a necessidade da fé e do seu exercício, precisamos agora dar o primeiro passo da fé ou, como diria Santa Teresa d’Ávila, entrar no nosso castelo interior. Para isso, é imprescindível, primeiramente, que vençamos todo e qualquer pecado mortal em nossas vidas. Pois, do contrário, na condição de escravos das paixões e das criaturas deste mundo, seremos incapazes de nos entregarmos totalmente ao chamado divino.
Ao lado da Liturgia das Horas, a matéria que mais aborrece a santidade dos sacerdotes é o celibato. E isso se deve a uma má compreensão do significado da sexualidade humana e da castidade por amor a Deus. A revolução sexual introduziu a ideia de que o sexo serve apenas para diversão, isto é, para o prazer desregrado e descompromissado. Mas a própria natureza da sexualidade é a prova inconcussa de que a relação sexual exige, absolutamente, um vínculo definitivo, uma vez que se trata de uma relação que gera uma nova vida.
Os católicos precisam entender que o sexo é uma realidade genuinamente familiar, que está ordenada ao crescimento do número dos filhos de Deus e, em segundo lugar, à união íntima dos esposos. Toda e qualquer outra finalidade que se pretenda atribuir ao sexo, sem, no entanto, considerar essa verdade natural, não tem razão de ser e contraria tanto “o [seu] sentido de amor mútuo e verdadeiro”, do qual falava Paulo VI na Humanae Vitae, quanto “a altíssima vocação do homem para a paternidade” (n. 12).
Um dos efeitos negativos da Revolução Industrial sobre os homens foi justamente o da hipnose materialista, que transforma tudo em mercadoria. As pessoas deixaram de se preocupar com os filhos para se dedicarem ao acúmulo de riquezas, de modo que a vida conjugal tornou-se cada vez mais secundária. A sede de dinheiro colocou a mulher no mercado de trabalho e transformou os filhos em despesas, até chegarmos à situação atual: divórcio, libertinagem, homossexualismo, contraceptivos, aborto, pornografia etc. Ninguém mais está interessado em formar família, mas apenas em dispor dos prazeres do sexo como se dispõe de um produto na prateleira do mercado. O que importa, afinal, é a carreira bem sucedida, não a comunhão familiar.
Acontece que todo homem é chamado a ser pai, assim como toda mulher é chamada a ser mãe. A castidade, neste sentido, é o meio de preservar essa vocação, mantendo a sexualidade dentro daquilo que é o projeto natural de Deus. Do contrário, as paixões tomam conta do coração e levam o ser humano a praticar toda sorte de aberrações. Por isso o Papa Paulo VI pedia, aos educadores e a “todos aqueles que desempenham tarefas de responsabilidade em ordem ao bem comum da convivência humana”, que promovessem “um clima favorável à educação para a castidade, isto é, ao triunfo da liberdade sã sobre a licenciosidade, mediante o respeito da ordem moral” (Humanae Vitae, n. 22).
A castidade é o tempero da vida sexual moralmente correta e deve ser vivida antes do casamento por todos os cristãos. Todos devem viver algo do celibato. Portanto, o que se espera de um jovem que está namorando é o respeito mútuo e a continência perfeita. O período do namoro não deve ser vivido como se fosse um período preliminar ao ato conjugal, com todo tipo de carícias e afetos que despertam a paixão. Essas intimidades excessivas sempre conduzem, ou pelo menos motivam, aos pecados da masturbação e da pornografia. Antes de tudo, os casais de namorados são chamados a viver “na expectativa confiante desse dom [o matrimônio], que deve ser aceite percorrendo um caminho de conhecimento, de respeito, de atenções” que não podem se perder. “O amor vive de gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito do outro” (Discurso do Papa Bento XVI aos namorados, 11 de setembro de 2011).
A virtude da castidade exige, pois, uma luta sincera e severa contra os maus pensamentos e tudo o que ofenda a pureza. Aquelas palavras de Jesus sobre os olhares impuros não eram apenas retórica. Eram, em vez disso, expressão de uma verdade patente: “Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5, 28). A fidelidade é um compromisso radical. Sendo assim, pecam gravemente tanto o homem quanto a mulher que olhar para o corpo de outro com intenções maliciosas. Mesmo os casados só podem desejar sexualmente um ao outro durante ou quando estiverem na iminência de um ato sexual. É simplesmente absurdo que um homem se masturbe pensando na sua esposa. Sexo é missão, não diversão, de modo que o corpo do outro deve ser sempre respeitado, e nunca tratado como objeto.
O apetite sexual é dirigido por um neurotransmissor chamado dopamina. Essa substância química atua na motivação do ser humano para a caça e a recompensa. Por isso, pode acontecer de um rapaz ir várias vezes à geladeira procurando comida e, uma vez frustrado, terminar se masturbando. Ele estava sob ação direta da dopamina. Nesse caso, o homem precisa da graça de Deus para vivificar a sua memória espiritual e mortificar as lembranças cerebrais que ativam a dopamina e provocam-lhe aqueles desejos sexuais aparentemente incontroláveis. O maior órgão sexual é o cérebro. Portanto, a verdade sobre a sexualidade humana precisa estar bem enraizada no coração do homem para que as suas fantasias cerebrais não o conduzam ao erro.
A dificuldade do celibato sacerdotal, por sua vez, é consequência de uma negação dessa realidade sobre o sexo. Os padres se esqueceram de que eles, em primeiro lugar, são chamados a ser pais. O celibatário não é um solteirão, mas alguém que deu o seu “sim” definitivo; o celibato “é um deixar-se guiar pela mão de Deus, entregar-se nas mãos do Senhor, no seu ‘eu’, e portanto é um ato de fidelidade e de confiança, um ato que supõe também a fidelidade do matrimônio” (Vigília por ocasião do Ano Sacerdotal, 10 de junho de 2010). O padre é um pai e, como tal, precisa educar os seus filhos espirituais a serem família autêntica, a viverem a sexualidade como dom precioso de Deus, aberto sempre à vida, à geração e educação dos filhos.
Um padre deve ser viril, masculino, homem, paterno. Do contrário, o seu sacerdócio será infecundo e frustrante, um caminho certo para o pecado mortal.
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