
Santa Gertrudes de Helfta, monja cisterciense que, ainda na Idade Média, iniciou o culto ao Sagrado Coração de Jesus, antecipando em muitos séculos a devoção instaurada por Santa Margarida M.ª de Alacoque. Nascida na Alemanha, Gertrudes viveu apenas 46 anos, e é admirável pensar como santos da estatura dela chegam ao cume perfeição em tão pouco tempo. Parece que o dia deles tem mais de 24h! Na verdade, os santos fazem às vezes coisas simples e ordinárias, mas voltados a Deus com uma tal caridade, que os frutos neles produzidos são muito mais abundantes do que em nós, a serviço de Deus de forma quase sempre morna e entibiada.
Pois bem, vejamos algumas características de Santa Gertrudes, chamada com razão de a Grande. Ainda menina, foi entregue a um mosteiro beneditino e ali educada na escola monástica, recebendo desde cedo uma educação extraordinária. Isso, por si só, já rompe inúmeros preconceitos contra a Igreja, instituição alegadamente “opressora” e “patriarcalista”. Afinal, trata-se aqui de uma mulher em pleno séc. XIII, ápice da Idade Média, alfabetizada em latim e grego, versada nos grandes clássicos da literatura antiga e instruída no que então havia de melhor em ciência. Inteligente e culta, Gertrudes é uma montanha em cujas sombras se perdem, tímidos e esmaecidos, os falsos modelos de “realização” e “empoderamento” que o feminismo busca impor às mulheres de hoje.
Seja como for, Gertrudes consagrou-se a Deus como beneditina e, aos 26 anos, muito vivaz e de aguda inteligência, percebeu que todo o saber profano acumulado desde a infância não lhe satisfazia mais o coração. Então, no dia 27 de janeiro de 1281, por ela apelidado o dia de minha conversão, Jesus apareceu-lhe sob a forma de um belo jovem de 16 anos. (Vale a pena abrir aqui um parêntese. Gertrudes era de uma pureza verdadeiramente heróica. A fim de guardar os olhos, ela jamais se detinha em fitar um homem tempo o bastante para lhe guardar a fisionomia. Os varões com quem tinha de lidar, reconhecia-os mais pelo timbre de voz que pelo rosto. Ora, não há dúvida de que foi graças à pureza que Gertrudes progrediu tanto nos saberes naturais. De fato, a experiência atesta e os santos o confirmam que poucas coisas prejudicam mais a inteligência do que o vício da luxúria. A busca desordenada do prazer sexual obscurece de tal modo o intelecto prático, que muitos homens de ciência tornam-se modelos de vidas fracassadas, inteligências malogradas e cegas para as verdades últimas.) Jesus, íamos dizendo, apareceu-lhe então como jovem formoso. Gertrudes, se por hábito adquirido poderia desviar os olhos, reconheceu ali, por instinto sobrenatural, uma beleza divina, que tornava cativa a alma sem tentar ao pecado os sentidos inferiores, pois tudo é puro para os que são puros (Tt 1,15). A partir deste encontro, começa a desenvolver-se entre ela e Nosso Senhor um trato de amizade cada mais profundo, refletido nas páginas ternas e maravilhosas escritas por ela acerca do Sagrado Coração, e isso quatro séculos antes de esta devoção propagar-se pela Europa. Santa Gertrudes foi também um modelo de devoção às almas do purgatório, das quais é considerada padroeira. Isso nos remete ao dever de caridade a que estamos obrigados, especialmente em novembro, de rezar pelas almas benditas.
Nasceu em 6 de janeiro de 1256 (séc XII), na Alemanha. Aos cinco anos, foi enviada para estudar no mosteiro beneditino de Helfta, onde sua irmã Santa Matilde foi abadessa e sua professora. Com o tempo, tomou o hábito e se tornou amiga de Santa Matilde de Hackeborn, que também tinha uma devoção especial ao Coração de Jesus.
Muitos séculos antes de Cristo aparecer a Santa Margarida Maria Alacoque, Santa Gertrudes teve experiências místicas do Sagrado Coração de Jesus.
A Igreja chama de místicas as pessoas que se dedicam a lidar diretamente com Deus por meio de orações fervorosas e recebem do Senhor mensagens e revelações.
Em sua vida cotidiana, a santa praticava a comunhão frequente e tinha muita devoção a São José. Conta-se que, em duas visões diferentes, reclinou a cabeça sobre o peito de Jesus e ouviu as batidas de seu coração.
Em uma ocasião, a santa perguntou ao Apóstolo São João, que recostou sua cabeça junto ao coração do Senhor na Última Ceia, por que não tinha escrito nada sobre o Coração de Jesus.
O evangelista lhe explicou que a revelação do Sagrado Coração de Jesus estava reservada para tempos posteriores, quando o mundo na frieza necessitaria ser reavivado no amor.
São atribuídos à santa Gertrudes cinco livros que formam o “Arauto da amorosa bondade de Deus”, que são comumente chamados de “Revelações de Santa Gertrudes”. O primeiro foi escrito por amigos íntimos da santa, o segundo, ela mesma o fez, e os demais foram compostos com sua direção.
Neles, fala de suas experiências místicas e ensina que “a adversidade é a aliança espiritual que sela os esponsais com Deus”. Também são atribuídas a ela orações do século XVII, embora não sejam dela.
Santa Gertrudes padeceu por dez anos penosas enfermidades e partiu para a Casa do Pai em 17 de novembro de 1301 ou 1302. Clemente XII mandou que sua festa fosse celebrada em toda a Igreja Católica.
Oração pelas almas do purgatório
(O Senhor disse a Santa Gertrudes que, com esta oração, poderia libertar 1000 almas do purgatório cada vez que a rezasse).
Eterno Pai, ofereço-Vos o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as Santas almas do purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores de toda a Igreja, pelos de minha casa e de meus vizinhos. Amém.